No finalzinho de 2024, a Shopee lançou o programa “Creators da Shô”, que ganhou força e iniciativas de relacionamento ao longo desse ano. No primeiro semestre de 2025, TikTok Shop aterrissou no Brasil e o Mercado Livre reformulou e direcionou seus esforços para atrair creators para o seu programa de afiliados. Enquanto isso, Amazon — a “veterana” do modelo — e Magazine Luiza reforçaram suas iniciativas e se aproximaram ainda mais dos creators.
Do lado dos creators, vimos na nossa pesquisa Creators & Negócios um aumento do percentual de receita vindo dos afiliados. E, para além dos dados, a nossa comunidade está cada dia mais “fluente” nesse assunto. A nossa sensação é de que, o que era quase um modelo “odiado” há poucos anos, hoje está pautando conversas mais maduras — com creators encontrando maneiras de integrar o modelo ao conteúdo e monetizar de forma mais independente do que as #publis (sem abandoná-las, jamais). 😉
É… acho que já dá pra dizer que esse é o ano dos afiliados.
A chegada do YouTube Shopping no Brasil, às vésperas da Black Friday…
…com dois varejos de peso como os primeiros integrados à plataforma (Mercado Livre e Shopee), consolida e comprova que esse modelo vai ganhar mais força e importância na Creator Economy.
O creator como canal (mas não só de vendas)
Sim, existe uma virada prática acontecendo.
Sim, as plataformas estão abrindo novos jeitos de integrar produto e conteúdo.
Mas essa evolução não é sobre transformar todo mundo em vendedor.
É sobre reconhecer que conteúdo também pode vender. E, mais importante ainda: que essa venda pode ser uma fonte legítima de receita pro creator — com autonomia, contexto e criatividade.
Não é o fim do conteúdo de marca, nem da publi tradicional.
É a entrada de uma nova camada estratégica no modelo de negócios do creator e de receita para as marcas.
A Amazon divulgou que creators foram responsáveis por quase 20% da receita do Prime Day americano em 2025.
Os modelos de contratação, aprovação e veiculação das #publis tradicionais não dariam conta de uma participação como essa — simplesmente porque o fator humano na negociação, aprovação e pagamento é uma barreira pra escala.
Isso não significa o fim da influência como conhecemos, mas sim um amadurecimento da função e do objetivo de cada tipo de influência nesse ecossistema.
Insights da China
Acompanhamos um estudo do TikTok chinês (Douyin) que comprovou que as conversões no Social Commerce são melhores para marcas que têm maior awareness e são reconhecidas nos seus nichos.
Ou seja: se uma marca tem um bom trabalho com creators mainstream ou de nicho, suas chances de ter mais sucesso com afiliados aumentam.
Isso não é o fim da publi — é o começo de mais possibilidades
Criadores que vivem apenas da publicidade tradicional sabem:
nem sempre tem job, nem sempre a marca chega, nem sempre o briefing encaixa.
Mas com os novos modelos de afiliados, há espaço pra complementar essa receita com consistência, liberdade e ritmo próprio.
Quem quiser seguir criando só por amor, tudo bem.
Mas quem quiser monetizar com mais autonomia e menos dependência, também pode. E agora tem mais ferramentas pra isso.
No modelo chinês — que tem praticamente atrito zero da descoberta nas redes sociais à compra dentro das próprias — a principal fonte de receita dos creators não é a #publi, como aqui no Brasil, mas sim os modelos de comissionamento e afiliação.
Que garantem mais autonomia pro creator (que não precisa esperar ser escolhido por uma marca) e conversão pro varejo (que tá feliz da vida, obrigada).
“Agora tudo vai ficar mais simples”
Apesar de ter sido o centro das atenções este ano, o modelo de afiliação não é novo.
Mas era pouco explorado e, até certo ponto, rejeitado por muitos creators.
No entanto, quem encontrou caminhos de integrar produto ao conteúdo, já conhece os efeitos dessa estratégia.
E a chegada de soluções integradas nas plataformas só acelera e facilita a vida do creator.
Encontrei no evento com a Tábata Romero, criadora do YouTube, e ela compartilhou algo que resume bem esse pensamento:
“Mesmo antes do YouTube Shopping, os afiliados já eram uma parte importante da minha receita como creator. Agora, com essa funcionalidade integrada, o trabalho de taguear os produtos vai ficar mais simples.”
— Tábata Romero, YouTuber
O que antes envolvia planilhas, links espalhados, landing pages externas… agora passa a acontecer dentro do conteúdo, de forma mais natural, mensurável e efetiva.
Inclusive, uma das informações que o YouTube divulgou no evento é que conteúdos com produtos tagueados receberam 23% mais cliques do que aqueles com links nas descrições.
A guerra pelo creator que performa
Com esse apetite todo do varejo e das plataformas pelos modelos de afiliação, mais valioso se torna o creator que converte.
E aqui começa a disputa real.
YouTube, TikTok, varejo… todos querem creators que saibam gerar desejo e levar ao clique.
Mas esse “novo influenciador” exige mais do que uma audiência grande. Ele precisa:
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Conhecer sua audiência
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Ter boa curadoria pra escolher os produtos que divulga
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Entender a dinâmica do modelo
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Produzir conteúdo que engaja e converte
E para as plataformas, o custo de aquisição e retenção desses creators se torna um desafio real.
Não basta atrair.
É preciso manter — com comissões claras, suporte ativo, reconhecimento público e progressão de ganhos.
Programas de venda direta como referência
O modelo de afiliados e vendas por performance se aproxima, em muitos aspectos, dos programas de venda direta, como Avon, Natura ou Jequiti.
Ali existe:
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Um “exército” de revendedores
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Reconhecimento por performance
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Acompanhamento de metas
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Capacitação e progressão
Se as plataformas quiserem escalar suas redes de creators afiliados, vão precisar aprender com esses modelos.
Oferecer dashboards, criar sistemas de recompensa, estruturar atendimento e valorizar quem segura a bronca na ponta.
YOUPIX disse: o varejo é o futuro (presente) da influência
Em 2019, a gente lançou um estudo que dizia:
“O varejo é o futuro da influência.”
Fomos questionados (pra não dizer xingados rs).
Mas parece que… veio aí.
Creators que entendem e integram afiliação aos seus conteúdos vão ter mais possibilidades e mais receita.
É uma questão de estratégia e amadurecimento do modelo.
E para as marcas, a gente vê uma grande oportunidade de reorganizar o ecossistema de influência e o papel dos creators na estratégia.
Com um modelo de afiliação afinado — ou uma boa integração com o varejo — as marcas podem construir suas estratégias de influência colocando o tipo certo de creator na etapa certa do funil:
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Topo do funil: grandes nomes, celebridades e estratégias integradas com impulsionamento, pra construir awareness.
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Meio do funil: creators de nicho que movem comunidades, constroem reputação e influenciam a consideração.
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Fundo do funil: aceleradores e gatilhos que incentivam afiliados a criarem conteúdo para seus produtos, nas sazonalidades certas.
Se quiser conhecer mais sobre o YouTube Shopping, ver as regras ou se cadastrar, aqui está o link oficial do YouTube.