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A Copa do Mundo já começou para 70% dos brasileiros fãs de esportes

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Estudo encomendado pelo Resenha Digital Clube à Data-Makers mapeia expectativas do público, comportamento de mídia e consumo, além de marcas e influenciadores mais associados com a competição

A temporada atual do futebol mal acabou, mas a Copa do Mundo já está acontecendo em outro lugar há um tempo: no feed. Segundo o estudo “O Brasileiro e a Copa: Consumo, Mídia e Influência”, encomendado pelo Resenha Digital Clube à Data-Makers, 70% dos brasileiros fãs de esportes já estão consumindo conteúdos sobre o Mundial que será disputado nos EUA, entre junho e julho de 2026.

Mais do que um recorte sobre comportamento do torcedor, a pesquisa funciona como um raio-x do mercado de influência aplicado ao maior evento esportivo do planeta. E ela confirma uma sensação que quem trabalha com conteúdo já tem há algum tempo: Copa não é só sobre jogo, é muito mais sobre narrativa.

A Copa é multiplataforma – e isso é um terreno perfeito pra Creator Economy

A experiência ao vivo da Copa de 2026 vai ser multiplataforma. Mais da metade dos fãs (54%) pretende usar mais de uma tela para acompanhar os jogos, movimento que pode ter crescido com o aumento de 32 para 48 seleções na próxima edição. A TV aberta ainda é o ponto de partida de informação e emoção para 85% das pessoas, mas ela já não está sozinha: Instagram aparece com 82%, sites de notícia com 77%, YouTube com 70% e TikTok com 42% – e vale lembrar que o lançamento da TV 3.0 foi pensado justamente pra acontecer pré-Copa.

Se você trabalha com conteúdo, sabe que o ao vivo é só a vitrine da experiência. Em cima dele, a Creator Economy constrói camadas paralelas de opinião, com humor ou seriedade, além de bastidores e interação direta com a comunidade. Na prática, essa lógica já é conhecida como second screen, mas o estudo mostra que, na Copa, a segunda tela muitas vezes vira a primeira em termos de atenção emocional. O torcedor até deixa o jogo na TV, mas o vínculo afetivo acontece na live do streamer preferido, por exemplo.

Conexão real e virtual

Quando a bola rola, o comportamento é 100% conectado. Para interagir durante os jogos, o WhatsApp lidera com 49% da preferência, seguido por Instagram (12%) e YouTube (10%). E o que essa galera faz? Comenta e posta (86%), e troca mensagem com amigos (71%).

Antes de vivermos na era dos celulares conectados, o lance já era assistir a Copa do Mundo de galera. Um churrascão em família, no bar com amigos, na rua em telões e aí tinha de tudo: da criançada pintando muro, até o tio mais velho que não sai da frente da TV por nada. Todo mundo conectado, na vida real. Só que, de certa forma, essa conexão – nessa época específica de Copa – foi replicada com sucesso pro virtual.

Todo creator que entende o próprio público sabe que não está “falando sozinho”: ele está reagindo a uma conversa que já está pegando fogo em grupos e DMs. Em vez de disputar atenção com o jogo, o creator bem posicionado se coloca como mediador dessa conversa – o amigo mais analítico da roda, o mais dramático, o mais clubista. Ele não entra só com alcance, mas também com repertório, linguagem e uma comunidade que confia na sua leitura de mundo (inclusive na hora de decidir o que consumir).

Creators como atalhos na jornada de compra

O estudo mostra que 71% dos fãs pretendem consumir mais produtos e serviços por causa da Copa. Bares e restaurantes (76%), snacks (72%), doces e chocolates (66%), carnes (60%), bebidas não alcoólicas (60%) e alcoólicas (54%) aparecem como destaque. Soma-se a isso o aumento de consumo de internet móvel e ligações (64%), o interesse por roupas e acessórios temáticos (43%) e um dado que nenhuma marca ignora hoje: 62% de intenção de consumir mais apostas esportivas.

Traduzindo pra Creator Economy: o funil de consumo está espalhado em múltiplas categorias e, em quase todas elas, já existem creators nativos. Tem creator que é “host oficial” de bar, tem creator de churrasco, de cerveja, de moda esportiva, de bet, de culinária para ver jogo em casa. A Copa só coloca holofote em cima de algo que já existia.

Quando 53% dos fãs dizem que considerariam comprar um produto indicado por um influenciador de quem gostam, estamos falando de algo maior do que “publi bem feita”. É uma transferência de confiança num contexto de emoção coletiva. E, num cenário onde 71% já querem consumir mais, o criador vira atalho: ele tira ruído, reduz a sensação de risco e dá sentido para a escolha (“eu comprei porque é a cerveja que o fulano bebe na live”, “eu fui nesse bar porque vi o vídeo da fulana vendo o jogo lá”).

Marcas em campo: patrocinar evento, creator ou os dois?

56% dos fãs preferem marcas associadas à Copa, e 37% passam a gostar mais de uma marca que patrocina o torneio. Ou seja, o carimbo “patrocinador oficial” ainda tem um valor simbólico MUITO forte – vide a Budweiser, que mal podia comercializar bebida no Catar e, mesmo assim, foi pra jogo. Mas a história fica mais interessante quando entra o fator influência: 45% dizem gostar mais de marcas que patrocinam seus influenciadores preferidos.

Aqui, o jogo muda de patamar. A lógica deixa de ser só “marca + Copa” e passa a ser “marca + Copa + creator com feat.”. O maior torneio esportivo do mundo empresta legitimidade, o creator empresta intimidade e linguagem, e a marca precisa ter clareza de qual papel quer assumir dentro dessa combinação pra fazer parte da conversa, ao invés de interrompê-la.

Quando Adidas e Nike lideram o top of mind (12% e 10%, respectivamente), isso não é só resultado de investimento em mídia tradicional. É também fruto de anos de construção de presença em conteúdo, parceria com atletas que viraram criadores, collabs com páginas de futebol e inserção orgânica em dezenas de microcomunidades digitais.

Quem são os creators da Copa? A era do “creator híbrido”

No recorte de influência, o estudo mostra que os perfis mais valorizados são ex-atletas ou técnicos (31%) e jornalistas especializados (19%). Nativos de rede sociais (15%) e humoristas (14%) também têm relevância.

Ex-jogador com canal no YouTube agora é creator. Jornalista que saiu da TV e hoje tem seu próprio hub de conteúdo é creator. Página anônima com milhões de seguidores é creator. Humorista que comenta Copa com piada no X, também. Para o mercado, isso significa que não existe mais “o influenciador de Copa”, mas sim ecossistemas de influência com funções diferentes: uns aquecem, outros explicam, outros viralizam, outros fidelizam.

Bets: a temporada delas começou

O estudo aponta ainda que 42% dos fãs têm intenção de fazer apostas durante a Copa, a maioria com valores de até R$ 50. Promoções (34%) e melhores odds (30%) aparecem como principais motivadores. É mais um setor em crescimento que depende diretamente de conteúdo para aquisição e retenção – mas não é novidade: historicamente, até quem tem aversão em aposta pode simpatizar com um bolão em época de Copa.

É um prato cheio para influenciadores e marcas, mas também um campo em que responsabilidade e transparência vão ser cada vez mais cobradas – tanto pelo público quanto pela regulação. Creators que trabalham com esse segmento na Copa vão precisar equilibrar entretenimento, informação e cuidado com a audiência. Quem ignorar o impacto real na vida das pessoas deve perder relevância (assim esperamos).

Análise YPX: e o que tudo isso diz sobre o mercado de marketing de influência?

O estudo escancara uma coisa que o mercado às vezes finge que não vê: a Copa já começou para a audiência, mas ainda não começou para boa parte das marcas. Se 70% dos fãs já estão no clima, 95% pretendem assistir e 8 em cada 10 querem acompanhar com igual ou maior intensidade que na edição anterior, não dá para tratar a Creator Economy na pressa, de última hora.

Para o marketing de influência, os dados deixam alguns recados bem claros:

  • Planejamento não é luxo, é condição mínima. A audiência já entrou em modo Copa. Quem ainda está discutindo “se vai fazer algo com influenciadores” provavelmente vai chegar atrasado e cair na publizinha genérica, sem contexto, que passa batida pelo feed. Tratar influenciador apenas como “mídia” é desperdiçar o principal ativo dele, que é a capacidade de dar sentido para o momento.
  • Ativação tem que ser de ecossistema, não de peça isolada. O torcedor está em múltiplas telas, apps e formatos. Campanha boa de Copa com creator não é só um vídeo bonito, é uma presença consistente: live pré-jogo, comentário em tempo real, corte no dia seguinte, bastidor de gravação, vantagem concreta para a comunidade.
  • Autenticidade agora é mensurável. Quando 53% considerariam comprar produto indicado por influenciador, mas 45% gostam mais de marcas que patrocinam seus influenciadores preferidos, a mensagem é simples: o público sabe quando a relação marca–creator é de verdade. Parceria que dura uma semana e some não constrói nada além de alcance pontual.

A Copa do Mundo continua sendo o maior palco do futebol e a Creator Economy pode aproveitar muito essa vitrine, desde que saiba como agir. Marcas que entenderem isso a tempo, construírem relações profundas com criadores relevantes e respeitarem a lógica das comunidades têm chance real de transformar essa atenção em negócio e, mais importante, em relevância de longo prazo.

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