Palestrante: Michel Alcoforado
Tá sem tempo? Leia isso: O Brasil vive um paradoxo: 0% da população se considera rica (mesmo entre os 10% mais ricos, 75% se consideram pobres). No entanto, o mercado de luxo cresce . O motor do consumo é a batalha para “parecer mais rico do que é”, o que garante acesso, poder e oportunidades . Criadores são essenciais neste ciclo, pois atuam como “especialistas” que dizem à audiência o que é “coisa de rico” (como rir, qual vocabulário usar, qual torneira comprar) para que eles possam performar essa riqueza .
Breve Resumo: O painel usou a antropologia para explicar por que a riqueza é um tema que mobiliza e engaja a todos, sendo que 209 milhões de brasileiros estão “desesperados” para saber como os ricos se comportam. A quantidade de dinheiro que se tem no banco corresponde a apenas 1/4 da percepção de riqueza no Brasil . O resto é construído através da performance de coisas de rico (conforto, saúde, felicidade, legado) , um ciclo que nunca acaba, pois sempre há um “rico de estimação” mais rico para copiar.
Um Insight: Todo brasileiro precisa de um “chancelador” para validar seu comportamento de consumo . Para o conteúdo bombar, ele deve misturar três aspectos fundamentais da distinção: Acesso (eu tive lá e você não), Cuidado (autocuidado/mimo), e Celebração (da conquista). O uso de fitinhas ou pulseiras VIP é um exemplo de “coisa de rico” que posiciona socialmente .
Outros pontos importantes:
- Tipos de Não-Ricos: O público se divide em grupos que o criador precisa entender para direcionar a mensagem, incluindo o “Mão de Vaca” (tem dinheiro, mas não tem as coisas) e o “Metido a Besta” (aluga casa só para fazer conteúdo e tirar foto) .
- Territórios de Sucesso: Os temas que mais bombam para a distinção são: Viagem (principal território), Tecnologia, e Saúde/Performance (maratona, triatlo) .
- Regras da Distinção: Para manter o status, o criador deve ensinar o público a dominar três regras: 1) Thinks Come Together (as coisas precisam “ornar”; uma bolsa de luxo na estação Sé desorna) , 2) Legibilidade (explicar por que a coisa é cara e de bom gosto) , e 3) Gasto/Saturação (contar quando a “coisa de rico” ficou gasta e precisa ser substituída) .
Fechamento: O segredo para performar a riqueza é construir a capacidade imaginativa de uma vida plena . O criador deve se ater aos territórios de distinção e ajudar o público a ler as regras não escritas das elites.